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Públicos recordes e jogadoras de seleção: Manaus vira "capital" do futebol feminino

Públicos recordes e jogadoras de seleção: Manaus vira "capital" do futebol feminino

Andressinha, Bruna Benites, Thaísa e Rilany estão entre as atletas que apostam no momento da cidade, que completa 348 anos nesta terça. Sucesso do Iranduba também foi fundamental

Públicos recordes e jogadoras de seleção: Manaus vira Públicos recordes e jogadoras de seleção: Manaus vira
Por Silvio Lima, Manaus, AM
 
Há alguns anos, quando se pensava em futebol feminino no Brasil, o paulista era referência. Ainda continua sendo, mas outros polos do país também têm se destacadado. É o caso do Amazonas e, especificamente Manaus, que vive um caso de amor com a modalidade e podemos chamá-la de nova capital da modalidade.
O calor humano da cidade que completa 348 anos nesta terça, é o principal combustível desse momento e resulta em recordes de públicos nas arquibancadas, bons resultados em competições nacionais e, recentemente, a presença de jogadoras da seleçao brasileira feminina, como Andressinha e Bruna Benites (no Iranduba), e Thaísa e Rilany (no novato 3B da Amazônia).
Andressinha postou mensagem nas redes sociais agradecendo o carinho dos torcedores do Iranduba (Foto: Reprodução)Andressinha postou mensagem nas redes sociais agradecendo o carinho dos torcedores do Iranduba (Foto: Reprodução)
Andressinha postou mensagem nas redes sociais agradecendo o carinho dos torcedores do Iranduba (Foto: Reprodução)
Essa escolha por Manaus não ocorreu por acaso. É fruto do que tem ocorrido nos últimos dois anos, desde a Olimpíada de 2016, quando mais de 38 mil manauaras compareceram à Arena da Amazônia para ver o jogo do Brasil contra África do Sul. No último sábado, Andressinha,que ficou encantada no Torneio Olímpico, postou uma mensagem falando do carinho do torcedor.
- Já estava passando da hora de vir aqui e fazer uma postagem sobre o Iranduba! Há pouco mais de duas semanas, foi anunciada a minha contratação e, desde então, recebi varias mensagens lindas dos torcedores da cidade de Manaus que amam tanto o futebol feminino. Estou muito feliz em retornar ao Brasil, principalmente para o Hulk da Amazônia, e espero contribuir positivamente para o grupo que se fortalece cada vez mais. Agradeço a todos que tornaram viável e participaram desse processo! “Hulk SMASH" - disse Andressinha, em postagem nas redes sociais.
A cidade ainda conta com outras atletas de peso. Como é o caso da volante Djenifer Becker, que está no Iranduba desde 2016, e também é da seleção brasileira. Além disso, as meias Renata Costa e Mayara Bordin, e a zagueira Jacqueline, que vestiram a camisa do Brasil.
Thaisa é outra jogadora da seleção brasileira que apostou no futebol em Manaus e assinou com o 3B da Amazônia (Foto: Marcos Dantas)Thaisa é outra jogadora da seleção brasileira que apostou no futebol em Manaus e assinou com o 3B da Amazônia (Foto: Marcos Dantas)
Thaisa é outra jogadora da seleção brasileira que apostou no futebol em Manaus e assinou com o 3B da Amazônia (Foto: Marcos Dantas)
Além de jogadoras de seleção brasileira, o futebol feminino também passou a contar com treinadores renomados na modalidade, como Adilson Galdino, campeão da Libertadores e mundial com o São José-SP, além de Marcelo Tchelo, vice-campeão da Copa do Brasil com o Kindermann-SC. O primeiro está no comando do Iranduba e o segundo no 3B.
RESULTADOS E PÚBLICOS RECORDES
O caso de amor do torcedor amazonense com o futebol feminino poderia até existir, mas ficou nítido a partir de 2016. Primeiro com o Iranduba, que avançou pela primeira vez à segunda fase do Brasileiro e depois com equipe Sub-20 do Hulk, que chegou à final da Liga Nacional, contra o Adeco-SP, e arrastou 17 mil torcedores para a Arena da Amazônia, recorde de público entre clubes do Brasil até então.
O duelo entre Iranduba e Santos, na Arena da Amazônia, com mais de 25 mil pessoas, bateu o recorde de público entre clubes do Brasil (Foto: Bruno Kelly/All Sports)O duelo entre Iranduba e Santos, na Arena da Amazônia, com mais de 25 mil pessoas, bateu o recorde de público entre clubes do Brasil (Foto: Bruno Kelly/All Sports)
O duelo entre Iranduba e Santos, na Arena da Amazônia, com mais de 25 mil pessoas, bateu o recorde de público entre clubes do Brasil (Foto: Bruno Kelly/All Sports)
Em seguida, durante a Olimpíada, mais de 38 mil prestigiaram Marta e cia, no jogo que terminou sem gols contra a África do Sul. No fim do ano, a seleção voltou a Manaus para a disputa do Torneio Internacional, com as seleções da Colômbia, Itália e Costa. As partidas foram em rodadas duplas e apenas da primeira foi divulgado, com aproximadamente 4 mil torcedores.
E, neste ano, novamente a cidade foi prestigiada com mais um jogo da seleção. Desta vez, em abril, foi um amistoso contra a Bolívica e contou com a presença de 16 mil torcedores. Além da goleada por 6 a 0, a partida marcou a estreia da técnica Emily Lima, que recentemente deu lugar a Vadão.
A boa campanha do Iranduba no Brasileiro feminino foi bem prestigiada. Nas quartas, em maio, contra o Flamengo, 15 mil pessoas compareceram e viram o Hulk avançar à inédita semifinal. Mas na próxima fase, mesmo com 25 mil pessoas, o time não superou o Santos. Vale ressaltar que o público passou a ser o novo recorde entre clubes do Brasil. Feito que recebeu até elogio de Marta.
Públicos 2016/2017
27/01/2017 - Iranduba x Santos (Brasileiro feminino) - 1.624
23/03/2017 - Iranduba x Corinthians (Brasileiro feminino) - 8.147
24/06/2017 - Iranduba x Adeco-SP (Liga feminina Sub-20) - 17.322
09/08/2017 - Colômbia x EUA e África do Sul x Brasil (Olimpíada) - 38.416
07/12/2017 - Itália x Rússia e Brasil x Costa Rica (Torneio de Manaus) - 4.192
* As demais rodadas do Torneio Internacional de Manaus não tiveram o público divulgado.
09/04/2017 - Brasil x Bolívia (feminino) - 16.198
12/04/2017 - Iranduba x Corinthians (Brasileiro feminino) - 3.357
27/04/2017 - Iranduba x Sport (Brasileiro feminino)- 1.505
17/05/2017 - Iranduba x Audax-SP (Brasileiro feminino) - 814
31/05/2017 - Iranduba x Kindermann (Brasileiro feminino) - 328
21/06/2017 - Iranduba x Flamengo (Brasileiro feminino) - 15.107
29/06/2017 - Iranduba x Santos (Brasileiro feminino) - 25.371
* No campeonato estadual deste ano os clubes não cobram ingressos
INVESTIMENTO PARA VIRAR EXEMPLO
O sucesso nas arquibancadas e a credibilidade com jogadoras foram fruto do planejamento e a aposta de que a modalidade poderia render bons frutos. Começou com o Iranduba da Amazônia, em 2016, que reformulou sua diretoria e elenco e passou a ter resultados expressivos em campo e, consequentemente, com a torcida.
- O apoio da torcida foi fruto exatamente das boas campanhas que o Iranduba fez. Torcedor gosta de resultado. O torcedor não vai assistir aquilo que faz feio, aquilo que perde e que não chega a lugar algum. O torcedor quer time competitivo - explicou o diretor de futebol do Iranduba, Lauro Tentardini, que fez parte da reformulação do elenco do Hulk.
O Iranduba fez campanha histórica no Brasileiro deste ano. Chegou às semifinais, mas foi eliminado pelo Santos, que se tornou campeão (Foto: Bruno Kelly/All Sports)O Iranduba fez campanha histórica no Brasileiro deste ano. Chegou às semifinais, mas foi eliminado pelo Santos, que se tornou campeão (Foto: Bruno Kelly/All Sports)
O Iranduba fez campanha histórica no Brasileiro deste ano. Chegou às semifinais, mas foi eliminado pelo Santos, que se tornou campeão (Foto: Bruno Kelly/All Sports)
Após a reformulação, o Hulk passou a contar com uma base do Kindermann-SC, que na época estava afastado do futebol, e conseguiu pela primeira vez avançar para a segunda fase do Brasileiro feminino. E, neste ano, na competição nacional, entrou com uma equipe reforçada, com uma estrutura completa para treinos e folha mensal de R$ 60 mil - inferior apenas a Santos e Corinthians, campeão e vice, respectivamente.
Para o segundo semestre, a equipe se profissionalizou, com a assinatura das carteiras de trabalho de todas as jogadoras, além de plano de saúde e odontológico. O contrato, porém, é com a empresa Transire, patrocinadora master do Verdão por três anos.
- Conseguimos. Agora é lutar para manter e melhorar ainda mais. O ponto forte é que o público assiste o futebol feminino e já vai em número maior aos estádios do que no futebol masculino - explicou o presidente do Iranduba, Amarildo Dutra, ao ressaltar que que equipe possa servir de exemplo nos próximos anos.
"Esperamos que em 2020 sejamos um dos cinco clubes referência no futebol brasileiro, com gestão, modernidade e base. Sabemos que é difícil ter cinco atletas formadas aqui. Mas esse é o trabalho que eu ou o próximo gestor possa fazer. Não só captar atletas do Sul do país, mas também aqui da região", Amarildo Dutra, presidente do Iranduba.
No novato 3B, a estrutura também não deixa a desejar. A equipe tem uma folha mensal de R$ 35 mil e o investimento estava nos plans do presidente Bosco Brasil. Mas teve um gás com a vinda de jogadoras da seleção após uma briga de bastidores com o diretor do Hulk, Lauro Tentardini, que culminou na "guerra do abacaxi". Mas o resultado do investimento está sendo proveitoso.
- O meu nome na cidade ficou mais conhecido depois que entrei no futebol. O 3B era uma empresa de informática. Mas depois que eu passei a competir competições amadoras e o pessoal pensava que minha empresa era de material esportivo. Dá uma visibilidade muito grande - explicou Bosco Brasil.

Aposta no futebol feminino

Apesar do sucesso do futebol feminino no Amazonas, são poucas as empresas que apostam na modalidade. A situação é um retrato do que acontece no restante do país. De acordo com Gilberto Novaes, presidente da Transire, apostou no ajudar o Iranduba após conhecer a história do clube e os resultados que conseguiram.
- Eu fiquei sabendo da história que eles (Iranduba) ficaram meio que órfãos. E eu gosto de futebol. (...) O pessoal vem do Rio de Janeiro, vem de São Paulo, Santa Catarina, Porto Alegre. Do Nordeste, vem de tudo quanto é lugar. Minas Gerais, Goiânia para poder jogar e não ganhar nem R$ 1 mil por mês... - disse Gilberto, ao ressaltar o que espera com a parceria.
OUTROS COM TÃO POUCO...
Mas a realidade do futebol feminino amazonense não vive apenas de flores. Outros clubes ainda padecem com a precariedade estrutural e com o amadorismo como o Rio Negro e o São Raimundo-AM, que carregam as camisas dos clubes trandicionais no futebol masculino, mas que não têm quase que nada de ajuda.
No campeonato estadual, por exemplo, jogam com atletas que não têm compromissos. O resultado se reflete em campo. Até o momento, as duas equipes têm sido saco de pancadas. O São Raimundo conta com jogadoras que disputam competições amadoras, sofreu duas goleadas consecutivas (18 a 0 para o Iranduba e 29 a 0 para o 3B).
São Raimundo, da goleira ao fundo, com oito jogadoras em campo, perdeu por 29 a 0  para o 3B da Amazônia (Foto: Marcos Dantas)São Raimundo, da goleira ao fundo, com oito jogadoras em campo, perdeu por 29 a 0  para o 3B da Amazônia (Foto: Marcos Dantas)
São Raimundo, da goleira ao fundo, com oito jogadoras em campo, perdeu por 29 a 0 para o 3B da Amazônia (Foto: Marcos Dantas)
- A maioria delas é de meninas carentes. Moram muito longe. Têm dificuldades até de chegar aqui. Hoje (dia da derrota por 18 a 0) tiveram que almoçar aí pão com refrigerante, antes do jogo. Aí fica difícil. Ninguém tem uma ajuda para a gente dar uma boa alimentação para ela. É difícil até conseguir dinheiro das passagens delas. Eu já não tenho mais de onde tirar - explicou o técnico do São Raimundo, Pelé.
O treinador do Rio Negro, Ribamar Brandão, acredita que é preciso que as jogadoras honrem seus compromissos com as equipes que se inscreveram e que os clubes possam disponibilizar uma estrutura melhor e não participar da competição de qualquer jeito.
- Expõe o nome de treinador. O treinador só pode ser cobrado se treinar e for incompetente para formar um bom time. Não tive nenhum treinamento com esse time completo. Fica difícil de saber quem joga e a característica. Mesmo sendo um futebol amador, os clubes tem que ter mais responsabilidade. Tem que ter um nível que se mereça - acrescentou.

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